Direitos dos professores de educação básica na demissão

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Professor demitido

Sumário

O processo de demissão pode ser desafiador para qualquer profissional, inclusive para professores da rede privada. Em função disso, elaboramos esse guia, abordando os aspectos mais relevantes nesse processo.

Seja a demissão por iniciativa própria ou não, cada cenário demanda ações e precauções específicas para assegurar o cumprimento das obrigações legais e contratuais pertinentes.

 

Professora se despedindo
Demissão do professor de educação básica

Quais são os cuidados na demissão do professor por iniciativa própria?

Se o próprio professor decidir pedir demissão, ele deve estar atento, especialmente, às questões legais e contratuais abordadas nos próximos tópicos.

 

É preciso dar aviso prévio? 

O aviso prévio poderia ser chamado de direito-dever, afinal visa assegurar uma transição justa e organizada entre o término de um contrato de trabalho e a busca por uma nova colocação ou um novo início no mercado.

Ele se destina a informar antecipadamente a outra parte sobre a intenção de finalizar a relação empregatícia, permitindo ao empregador buscar um substituto adequado e ao empregado tempo para encontrar um novo emprego. O aviso prévio pode ser:

  • Trabalhado: O professor continua exercendo suas funções até o término do período.
  • Indenizado: O professor deixa a instituição imediatamente e recebe o valor correspondente ao período.

 

É importante destacar que a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria é clara quanto a demissão de professores no final do ano letivo. Nesse caso, ela prevê que o docente, ao comunicar sua demissão até o dia que antecede o início do recesso escolar, será dispensado do cumprimento do aviso prévio.

Para isso, o professor deve cumprir as atividades até o seu último dia de trabalho na escola. Nesses casos, ele terá direito a receber como indenização a remuneração até o dia 20 de janeiro do ano subsequente.

Entretanto, como a convenção silencia totalmente sobre a demissão de professores ao final do primeiro semestre, recomenda-se expressamente a consulta a um advogado especialista na área.

Afinal, o não cumprimento do aviso prévio pode resultar na retenção do valor correspondente ao período não trabalhado.

 

Tenho direito ao 13º salário proporcional?

Sim. O professor tem direito ao 13º salário proporcional, calculado sobre os meses trabalhados no ano em curso.

Nesse caso, de forma simplificada, o montante é obtido, dividindo-se o salário mensal de referência por doze e multiplicando-se o resultado pelo número de meses trabalhados no ano até a data da demissão.

 

Tenho direito às férias proporcionais?

Claro que sim! As férias proporcionais, devem ser pagas acrescidas do terço (1/3) constitucional, conforme estipulado na legislação trabalhista.

De forma resumida, se um professor com salário mensal de referência de R$ 6.000,00 rescindir seu contrato após trabalhar seis meses, receberá R$ 3.000,00 de férias proporcionais acrescidos de R$ 1.000,00, que correspondem ao 1/3 constitucional, totalizando R$ 4.000,00.

férias proporcionais

 

Quais as orientações quanto à entrega de documentos e equipamentos?

Ao término do contrato de trabalho, o professor deve devolver todos os bens da escola, incluindo materiais didáticos, livros, laptop e tablet. Ele também precisa entregar todos os documentos relacionados ao trabalho, como registros de aulas e avaliações.

Este processo deve ser organizado e documentado para evitar disputas futuras e proteger ambos os lados. A não devolução pode resultar em complicações legais e financeiras, sendo crucial cumprir todas as exigências contratuais com precisão e dentro dos prazos estabelecidos.

 

Devo solicitar uma carta de recomendação?

Com certeza, solicitar uma carta de recomendação ao término do contrato é fundamental. Afinal, esse documento valida o desempenho e profissionalismo do professor, destacando suas habilidades e experiências para futuros empregadores.

Uma boa carta de referência pode ser um diferencial competitivo no mercado de trabalho, facilitando a obtenção de novas oportunidades de emprego. Portanto, é importante solicitar esse documento ao final do vínculo empregatício.

 

Quais cuidados o professor deve tomar, se a iniciativa for da escola?

Este tópico aborda as obrigações do empregador, os direitos do professor e os procedimentos para garantir um término de contrato equilibrado e legal, quando a iniciativa pela demissão do professor partir da escola.

 

Como funciona a demissão do professor sem justa causa?

Num primeiro cenário, quando um professor é demitido sem justa causa, ele tem direito a várias compensações financeiras que visam proteger sua estabilidade, até que consiga uma nova colocação no mercado de trabalho.

Entre os direitos estão:

  • Aviso prévio: pode ser trabalhado ou indenizado, dependendo da decisão do empregador.
  • 13º salário proporcional: calculado sobre os meses trabalhados.
  • Férias proporcionais: acrescidas do adicional de 1/3 constitucional.
  • Saldo de salário: relativo aos dias trabalhados no mês da rescisão.
  • FGTS: liberação do saldo de FGTS, acrescido da multa rescisória de 40% sobre o total dos depósitos relativos ao contrato de trabalho.
  • Seguro-desemprego: liberação das guias para solicitar o benefício.

 

O professor deve consultar o saldo do FGTS para identificar o valor exato a ser considerado pela escola. Assim, pode identificar eventuais valores não depositados e evitar perdas no montante total a ser depositado.

 

Tenho direito ao seguro-desemprego?

O seguro-desemprego é um benefício fundamental para o professor demitido sem justa causa, oferecendo suporte financeiro temporário enquanto buscam novas oportunidades de trabalho.

Para ser elegível ao seguro-desemprego, o professor deve:

  • Ter trabalhado formalmente com carteira assinada por um período mínimo de 12 meses nos últimos 18 meses antes da demissão.
  • Não estar recebendo nenhum benefício da Previdência Social, exceto pensão por morte ou auxílio-acidente.
  • Não possuir renda própria suficiente para seu sustento e de sua família.

 

Critérios para obtenção do seguro-desemprego
Critérios para obtenção do seguro-desemprego.

Na assinatura da rescisão, a escola deve fornecer uma via do Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT), os comprovantes de depósito do FGTS com a chave para o saque, bem como as guias do seguro-desemprego.

 

Como funciona a demissão do professor por justa causa?

A demissão por justa causa ocorre quando o empregado comete faltas graves que inviabilizam a continuidade do contrato de trabalho.

Entre os principais motivos que podem levar a uma demissão por justa causa estão:

  • Improbidade: Atos desonestos como roubo ou fraude;
  • Incontinência de conduta ou mau procedimento: Comportamento inadequado ou assédio moral;
  • Negociação habitual sem permissão do empregador;
  • Condenação criminal do empregado;
  • Desídia no desempenho das funções, como repetidas faltas ou atrasos sem justificativa;
  • Embriaguez habitual ou em serviço;
  • Violação de segredo da empresa;
  • Insubordinação ou indisciplina: desobediência a ordens diretas do superior hierárquico.

 

Quais são as consequências da justa causa para o professor?

A demissão por justa causa do professor acarreta sérias consequências para o docente, principalmente, em relação aos direitos trabalhistas.

Entre as principais estão:

  • Perda da multa de 40% sobre o saldo do FGTS;
  • Perda do direito ao saque do saldo do FGTS;
  • Perda do direito ao seguro-desemprego;
  • Perda do aviso prévio indenizado;
  • Perda das férias proporcionais e do 13º salário proporcional.

 

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Quais aspectos merecem um cuidado extra?

Ao encerrar o contrato de trabalho, é comum que o professor assine vários diversos documentos, como termos de rescisão, recibos de pagamento e declarações de quitação.

É crucial que o docente leia atentamente cada um desses documentos antes de assiná-los. Reservar tempo para a leitura e análise é fundamental e, caso se sinta inseguro, não assinar.

A leitura cuidadosa garante que o professor compreenda completamente os termos e condições aos quais está se comprometendo, evitando assim a aceitação inadvertida de cláusulas prejudiciais ou mal interpretadas.

Assinar documentos sem os compreender pode causar consequências legais e perdas financeiras significativas. Por exemplo, o professor pode inadvertidamente concordar com termos que renunciam a certos direitos e benefícios ou que confirmam a quitação de valores que ele não recebeu.

Para evitar tais situações, é recomendável que o professor solicite esclarecimentos sobre qualquer ponto obscuro e, se necessário, busque orientação jurídica para garantir que seus direitos estejam plenamente protegidos.

Portanto, assim como educação e respeito, também cautela e atenção são essenciais para assegurar o máximo de tranquilidade possível.

 

Conclusão

Caro professor, nesse artigo você teve oportunidade de se informar sobre seus principais direitos e deveres durante um  processo de demissão.

Alertamos sobre as precauções necessárias, tanto para demissões voluntárias, quanto involuntárias, destacando ainda a importância do cumprimento das obrigações legais e contratuais. Também falamos sobre o aviso prévio, como calcular o 13º salário proporcional e as férias proporcionais, além da importância da devolução de documentos e equipamentos da escola ao término do contrato.

Além disso, orientamos sobre os direitos dos professores em casos de demissão sem justa causa, incluindo o aviso prévio, FGTS, seguro-desemprego e as consequências de uma demissão por justa causa. Por fim, também enfatizamos a necessidade de uma leitura cuidadosa e a busca por orientação jurídica antes de assinar os documentos da rescisão.

Com essas orientações, você está preparado/a para garantir que seus direitos sejam plenamente respeitados e protegidos numa eventual rescisão contratual.

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Sobre nós

Osmar Gebauer é advogado inscrito na OAB/SP sob o nº 337.952. É profissional multidisciplinar, possui uma trajetória pessoal, acadêmica e profissional muito diversificada e repleta de experiências em várias áreas, permitindo-lhe entender seus clientes e encontrar soluções bem ajustadas as suas demandas.

Sua atuação profissional é marcada por uma visão integrada do Direito, levando-o a trabalhar de forma colaborativa com escritórios nacionais e alemães, estabelecendo parcerias estratégicas que lhe permitem desenvolver soluções inovadoras e eficazes para seus clientes.

Além de sua atuação como advogado, também teve uma experiência enriquecedora como professor do Studienkolleg Hamburg da Universidade de Hamburgo, onde pode ampliar seus horizontes culturais e acadêmicos.

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